Janela de implantação e transferência de embriões na SEMEAR Fertilidade
- SEMEAR fertilidade
- há 5 dias
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A “Janela de Implantação”: uma janela e não uma fresta Historicamente, o sucesso da implantação era visto como dependente de uma sincronia perfeita dentro de uma "janela de implantação" muito estreita. Contudo, evidências recentes, principalmente de ciclos com embriões euploides, têm desafiado essa noção. A visão atual sugere que a janela de implantação é um período mais longo, provavelmente durando mais de 3 a 5 dias (Coutifaris et al., 2014), o que confere maior flexibilidade ao processo.

Estudos avaliando o tempo de exposição à progesterona e chance de sucesso
A principal variável no preparo de ciclos de TEC é a duração da suplementação de progesterona. Múltiplas coortes retrospectivas e metanálises falharam em demonstrar a superioridade de um regime específico (5, 6 ou 7 dias). Estudos robustos como os de Nawroth et al. (2020) e a metanálise de van de Vijver et al. (2021) concluíram que não há evidências suficientes para afirmar a superioridade de uma duração específica de progesterona para o desfecho de nascido vivo, mesmo em ciclos com embriões euploides (Yildiz et al., 2021).
A falta de benefício do ERA como evidência de suporte
A falha do Teste de Receptividade Endometrial (ERA) em provar sua eficácia reforça a teoria da janela de implantação flexível. O princípio do ERA postula que um ajuste fino no tempo de progesterona é crucial. No entanto, os mais importantes ensaios clínicos randomizados (RCTs) não mostraram benefício na taxa de nascidos vivos com seu uso (Doyle et al., 2022; Riestenberg et al., 2023). A falha dessa abordagem de alta precisão sugere que a rigidez no agendamento da transferência não é um fator determinante para o sucesso.
O protocolo da SEMEAR fertilidade: foco na qualidade embrionária
Com base no exposto, a SEMEAR fertilidade adota um protocolo flexível e centrado no paciente. Portanto, o protocolo da SEMEAR permite que qualquer embrião em estágio de blastocisto (seja ele D5, D6 ou D7) seja transferido após 5, 6 ou 7 dias de início da progesterona, o que permite transferir blastocistos de dias diferentes (por exemplo, D5 e D7), no mesmo dia. Esta abordagem nos possibilita sempre priorizar a transferência do embrião de melhor qualidade morfológica ou euploide, independentemente do seu dia de desenvolvimento, em um único e mesmo procedimento.

Benefícios para a paciente: reduzindo o fardo do tratamento e o risco de abandono
Além da robustez científica, esta flexibilidade traz benefícios diretos e cruciais para a experiência da paciente. A jornada da reprodução assistida impõe um fardo físico, financeiro e, sobretudo, emocional. A literatura científica demonstra claramente que a sobrecarga emocional é uma das principais causas de abandono do tratamento (dropout), mesmo entre casais com recursos para continuar (Gameiro et al., 2015; Verhaak et al., 2007).
Ao adotar um protocolo flexível, removemos a preocupação com o "momento exato" da transferência. Isso ajuda nas rotinas diárias das pacientes, permitindo melhor planejamento e tornando o tratamento mais leve. Acreditamos que reduzir a sobrecarga emocional é uma estratégia clínica fundamental para aumentar a aderência ao tratamento e, consequentemente, as chances de o casal alcançar seu objetivo.
Referências
Coutifaris, C., et al. (2014). Histological dating of timed endometrial biopsy tissue is not related to fertility status. Fertility and Sterility, 101(6), 1779-1785.
Doyle, M. J., et al. (2022). Effect of an Endometrial Receptivity Assay on Live Birth in Unselected Subfertile Women Undergoing a First In Vitro Fertilization Cycle: A Randomized Clinical Trial. JAMA, 328(21), 2117-2125.
Gameiro, S., et al. (2015). Why do patients discontinue fertility treatment? A systematic review of reasons and predictors of discontinuation in fertility treatment. Human Reproduction Update, 21(3), 302-314.
Labarta, D. E., et al. (2017). Optimal endometrial preparation for frozen embryo transfer cycles: a systematic review and meta-analysis. Fertility and Sterility, 107(4), 831-841.e2.
Nawroth, F., et al. (2020). Is the duration of progesterone administration before frozen-thawed embryo transfer associated with the live birth rate? Human Reproduction, 35(6), 1377-1384.
Paulson, R. J. (2019). Endometrial receptivity: a turbulent decade. Fertility and Sterility, 111(5), 853-854.
Riestenberg, C., et al. (2023). Endometrial receptivity analysis for the first frozen euploid embryo transfer: a multicenter, randomized clinical trial. Fertility and Sterility, 120(1), 126-134.
Verhaak, C. M., et al. (2007). A longitudinal, prospective study on emotional adjustment before, during and after in vitro fertilization. Human Reproduction, 22(8), 2253-2260.
van de Vijver, A., et al. (2021). What is the optimal duration of progesterone administration before frozen embryo transfer in artificial cycles? A systematic review and meta-analysis. Human Reproduction Update, 27(4), 683-697.
Yildiz, S., et al. (2021). The effect of progesterone exposure before frozen embryo transfer on live birth rates in single euploid blastocyst transfer cycles. Journal of Assisted Reproduction and Genetics, 38(11), 2969-2975.
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