Ovular antes da coleta: o que pode ter acontecido?

Durante um tratamento de fertilização in vitro (FIV), cada etapa é cuidadosamente monitorada para garantir os melhores resultados. No entanto, imprevistos podem acontecer — como o caso de ovular antes da coleta dos óvulos. Mas por que isso acontece?

Desencadeamento da ovulação, etapa fundamental para o sucesso

Durante a estimulação ovariana, aumentamos o nível de FSH para que haja o crescimento de vários folículos. Ao mesmo tempo, usamos estratégia para evitar que haja um desencadeamento natural da ovulação, o que levaria a todos os folículos romperem antes da punção, impedindo que conseguíssemos óvulos. As estratégias mais comuns para se evitar o desencadeamento natural da ovulação é através do uso de medicamentos como progestágenos (por exemplo, o desogestrel), antagonista do GnRH (por exemplo, o orgalutran), agonista do GnRH (por exemplo, o lectrum) ou anti-estrogênicos (por exemplo, clomifeno e letrozol).

Entretanto, se não ocorrer o desencadeamento da ovulação, os óvulos ficariam aderidos à parede dos folículos e não seria possível sua obtenção durante a punção. Para conseguirmos obter óvulos durante o tratamento, é essencial desencadeamos a ovulação em um momento adequado.

Usualmente, os óvulos se soltam da parede dos folículos 30-35h após o desencadeamento da ovulação e os folículos rompem, liberando o líquido folicular e os óvulos para a cavidade abdominal 38-42h após o desencadeamento. Desta forma, quanto maior o tempo entre o desencadeamento e a punção, maior a chance de conseguirmos óvulos dos folículos puncionados, porém, maior é o risco de os folículos romperem antes da punção e não conseguirmos óvulos. De uma forma geral a punção é realizada entre 34-37 horas após o desencadeamento da ovulação, para haver uma boa chance de conseguir óvulos e ao mesmo tempo uma pequena probabilidade de ovulação antes do procedimento. Entretanto, algumas pessoas respondem de forma diferente, ovulando com um intervalo de tempo menor. Nesses casos, é importante ajudar o intervalo para um próximo procedimento, para evitar que isso ocorra novamente.

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É possível prever esse evento?

Infelizmente, não. A resposta ao desencadeamento de ovulação é individual e não conseguimos prever por exames laboratoriais ou ultrassom. Esse risco faz parte da natureza do tratamento e é manejado com base na experiência da equipe médica e na resposta individual da paciente.

Apesar de todas as tecnologias envolvidas na reprodução assistida, o corpo humano ainda guarda reações que fogem ao nosso controle. A ovulação precoce antes da coleta é uma dessas situações. Com a equipe médica certa, ajustes podem ser feitos nos próximos ciclos para maximizar a chance de recuperação de óvulos e o sucesso do tratamento.